14.9.07

"Não sei o que o quero! Serà grave doutor?...

Confesso-lhe que nunca o soube. Não é por falta de não querer sabêlo: Procuro-o desesperadamente mas em vão. Chego a pensar que nunca o saberei, ao ponto de duvidar se quero saber aquilo que não sei se quero e se é realmente indispensável sabê-lo! Por outras palavras, doutor: o meu problema não é não saber o que quero, mas saber tão se quero. Posto que as coisas acontecem independentemente da minha vontade, ainda que possa ser "virtualmente" responsàvel pela realidade, é legitimo questionar a minha liberdade. Somos livres no fundo de aceitar o que nos é dado - o acaso. Esse é o primeiro passo: acolher. O segundo é escolher. Colher no mundo...mas o quê? A razão desta indecisão reside na indistinção entre tudo e nada. Falta de visão ou ausência de vontade? Não sei doutor. Talvez imaginação fértil ou cegueira... Tenho toda a vida para duvidar e por favor, não me receite certezas contra esta ilusão..., que é a minha lucidez!

Desculpe a maçada doutor. Boa tarde!"
eremita

3 comentários:

avelaneiraflorida disse...

Eremita,

Não foste a nenhum daqueles médicos do Sns...pois não??????
Ele não teria tempo para te ouvir!!!!!!!

Agora "a sério"...
Adorei este solilóquio...
Por vezes também me acontecem "estas idas ao médico"!!!!
UM BOM FIM DE SEMANA!
BJKS

monge disse...

Olà avelaneiraflorida,

Ainda existem alguns médicos pacientes!...

Obrigado pelo eco subtil a estas divagações e pela discreta cumplicidade destes devaneios...

Fica bem amiga,
Saùde!
eremita

monge disse...

Olá meu bom eremita

Com vontade de me sentir Médico de Amigo, percebo de alguma maneira, que regressaste (im)paciente ao nosso velho "consultório". Agrada-me pensar na tua sã patologia, prescrição para a qual não cabe neste receituário. Obviamente terei que rebuscar em antigos e saudosos alfarrábios mas prometo que vou empenhar-me em auscultar todas as tuas palpitações.
Até lá, repouso duvidoso e infusões de lucidez.

monge