28.1.11

esperança

"Há-de haver uma salvação possível neste mar de naufrágios, e vão sendo horas de erguer a voz contra os derrotistas da jangada. Aterrados pelas suas fúnebres ladainhas, temo-nos esquecido de reparar nos acenos do horizonte, onde amanhece sempre uma ilha à nossa espera. Não a ilha solitária de Robinson, que seria o recomeçar inútil duma vida de egoísmo e de esterilidade, mas o húmus generoso dum novo mundo onde se possa erguer a esperança."
Miguel Torga, Diário V

25.1.11

When We Leave


O primeiro filme do ano.
Este filme retrata a vida de Umay, uma jovem auto-determinada de ascendência turca, que luta por uma vida independente na Alemanha, contra a resistência da sua família. No entanto, essa luta dá início ao desenrolar de um processo dinâmico que se vai complicando e que resulta numa situação verdadeiramente arrasadora e dramática.
Surpreendentemente bem feito, com um desempenho talentoso da actriz, o filme leva-nos por sentimentos que nos confundem e nos abalam a mente. Trata da família, de cultura, de honra, da religião, mas magoa e perturba a liberdade, a compreensão e a tolerância. Aconselhável.

monge
Nota: O trailer escolhido, apesar da linguagem, foi o que consegui com melhor imagem.

16.1.11

Preguiça


"Os preguiçosos têm sempre vontade de fazer alguma coisa"
(Luc de Clapiers)
Por mais definições que se possam ter sobre a preguiça, julgo que qualquer ser humano a deva ter já experimentado ou até dela abusado exageradamente. No que me toca, não me considero preguiçoso, não aprecio muito os preguiçosos, mas também não a considero nenhum pecado mortal.
Contudo, lido diariamente com alguém que insiste em ser teimoso, a pontos de se socorrer da preguiça para justificar a sua falta de vontade. Neste caso, estou a falar do Manel, cuja birra para comer a sopa nos obriga à invocação de todos os santos e mais alguns.
À hora das refeiçoes, a disposição na mesa alterou-se obrigatoriamente visto que o Manel e o Pedro juntos era sinónimo de confusões constantes, o que perturbava o agradável e reconfortante momento da paparoca. Por isso, para evitar males maiores, vi-me obrigado a abandonar o patriarcal lugar de cabeceira da mesa para tomar o lugar do Pedro ( e ele o meu) a fim de evitar as picardias catraias.
Assim sendo, sento-me agora ao lado do Manel, o qual ainda tem uma cadeira vazia do seu lado esquerdo. Quando lhe dá para arranjar um pretexto para ganhar tempo para começar a comer a sopa (porque do céu venha o remédio, ele comer tem que a comer) alternadamente, lá se vai lembrando: tenho calor, tenho sede, a sopa tem couves, tenho preguiça ... deitando-se sobre a cadeira vazia ao seu lado.
Depois de lhe dizer a décima quinta vez para comer a sopa, e com a paciência já na reserva, deito-lhe vigorosamente a mão ao braço e obrigo-o a erguer-se da cadeira onde estava estiraçado. Com aquele ar de ofendido que ele tão bem sabe representar, murmura amuadamente:
- Magoaste a minha preguiça!
Como é que se pode magoar a preguiça de alguém? Pelos vistos pode. Metaforicamente, pelo menos.

monge

14.1.11

  • Inconstante ... toujours!

Embora este chão de Terra seja o mesmo, é preciso a sua renovação constante, estrumá-lo com todos os momentos que se nos oferecem e revirá-lo para que outras memórias possam respirar.
Então, mergulhemos o braço audaz com vigor no saco da vontade e que venha a mão cheia de novas sementes prenunciadoras de boas colheitas.
De cada vez que novo ano se aproxima, muitas vezes tenho pensado que é chegada a altura de dar novo rumo às coisas. Mas, foram já tantas as datas e tantas as coisas prometidas ao longo do tempo que, julgo ter-me esquecido de tudo o prometido. Não é por falta de vontade nem por falta de coragem , simplesmente os dias vão passando e o significado que outrora se afigurava como definitivo, paulatinamente vai-se diluindo e enrolando em outros motivos.
Tenho pensado seriamente, em fundar a "seita do dia anunciado", para assim encarar as coisas como definitivas. Qual quê! Puro engano. Nada é definitivo. Tudo é demasiado inconstante. (apetecia-me dizer "ainda bem" mas não digo).
Seja como for, o início de cada ano pode servir como um marco ou sinal de viragem. Pois! Mas o tempo passa e também nós passamos a vida atrás do tempo. Olhar para o passado é a pior forma de envelhecermos.Antes rejuvenescer no futuro, talvez o local onde possamos encontrar alguma felicidade.
Precisamos de olhar para as coisas e vê-las dentro de nós. Sim, porque tudo temos dentro de nós. A verdade só existe se acreditarmos nela; a poesia só tem significado se as palavras nos tocarem a alma; a vida só é real se a conseguirmos viver. Nem que seja estranhamente.
monge

6.1.11

Aurea - Okay Alright



E por que não começar bem o Ano Novo com este magnífico som?
Porque a Aurea, alentejana de 23 anos tem um vozeirão do melhor que há no panorama soul.
Muito bom!
monge