25.2.11

dizem ...


Dizem que o silêncio não tem som.
Dizem que as palavras são mudas, por vezes.
Dizem que a vida muda cada vez que vem até nós.
Dizem que se acreditarmos, tudo se tornará possível.
Dizem que se eu quiser, posso conseguir.
Dizem que o possível alcança-se logo aqui.
Dizem tanta coisa!
monge

20.2.11

"Quando nasci, comecei logo a chorar pois não conhecia ninguém."


Duas propostas de trabalho: biografia de autores de literatura infantil e autobiografia de cada aluno.
Assim, foi com aquela magnífica e ubíqua frase que um aluno começou a sua autobiografia.
Ora, aí está uma boa razão para alguém se sentir descontente quando desagua neste mundo pela primeira vez!
Para quem, de repente, se tem que ausentar do aconchego de um útero silencioso e suave, esse refúgio bom, compartilhado por um terno cordão umbilical sem fim e rodeado de um abençoado amor, vir ao mundo poderá ser a ruptura com a solidão de estar só.
Esse terrível abandono, associado ao receio de dar de caras com uma realidade emaranhada de verbos mal conjugados e de filosofias ímpares, poderá tornar-se uma questão de absoluta emergência que há tanto tempo nos espera.
Aparecer no verdadeiro momento em que se vê a luz na boca do mundo, animados pela vontade de ir em frente, seguimos em direcção a subjectividades coloridas por um sol quente de um amarelo infinito, logo percebemos que temos lugar no futuro. Estará cumprido o nosso destino. Apesar de todas as ironias da nossa descrença no mundo, é-nos permitido tal primazia contemporânea. Nosso destino é viver e viver é nascer a cada instante.
Salvador Dali - Criança geopolítica observando o nascimento do homem novo.
monge

13.2.11


Ninguém nos sussura o destino.
As vozes de antigamente surgem num imediato instante.
Deixamo-nos levar por qualquer vontade sem arrependimneto prévio.
Tudo o que possa vir depois, serão momentos de uma esperança anunciada.

Paro.

...

...

...

Retomo o lugar onde sempre estive.
Bom. Agradavelmente bom.
Onde a calma se faz silêncio.
Onde a vida se pronuncia silenciosamente aberta ao olhar.
monge

6.2.11

Deolinda - Parva que eu sou!


E finalmente um hino tem a letra no feminino:

Sou da geração sem remuneração
e não me incomoda esta condição.
Que parva que eu sou!

Porque isto está mal e vai continuar
já é uma sorte eu poder estagiar.
Que parva que eu sou!
E fico a pensar,
que mundo tão parvo
onde para ser escravo é preciso estudar.

Sou da geração "casinha dos pais",
se já tenho tudo, para quê querer mais?
Que parva que eu sou!
Filhos, marido, estou sempre a adiar
e ainda me falta o carro pagar.
Que parva que eu sou!
E fico a pensar
que mundo tão parvo
que para ser escravo é preciso estudar.

Sou da geração "vou queixar-me para quê?"
Há alguém bem pior do que eu na TV.
Que parva que eu sou!

Sou da geração "eu já posso mais!"
que esta situação dura há tempo de demais.
E parva não sou!
E fico a pensar,
que mundo tão parvo
onde para ser escravo é preciso estudar.

Musica e letra: Deolinda

Seremos parvos? Só uns? Ou todos, afinal?
Valha-nos ao menos alguém que vai sentido! E que vai tendo a coragem de o transmitir, sem se deixar apascentar como o resto do rebanho!

monge

3.2.11

Porque o Pedro vai fazer 13 anos e porque tem a idade que também já tivemos, está numa fase de tentar criar a sua própria identidade e moldar a sua personalidade de acordo com modas de agora, com rituais de grupo e também com a sua maneira de ser, obviamente.
Essas manifestações, algumas demonstradas de forma exagerada, torna-o, a nosso ver, um pouco a dar para o "foleiro", quer na maneira de vestir, de pentear ou até de agir. Por essas e por outras, já por várias vezes, nos levou a dizer, tanto a mim como a mãe, algo do género:
- Ó Pedro, tu não existes!
ou então:
- Sinceramente, este garoto não existe!
Ora bem, tudo isto não cai em saco roto na perspicácia do Manel.
No outro dia, numa outra birra do Manel para comer a sopa, a mãe desafia-o:
- Come a sopa, filho, para acabares primeiro que o mano.
Ao que o Manel convenientemente retorquiu:
- Oh! O mano não existe!
monge