15.1.12

poesia concreta


"Fazer da palavra um embalo
é o mais puro e apurado
senso da poesia."
SONO COLOQUIAL, Mia Couto, idades, cidades,divindades

Ao fim e ao cabo, a poesia para mim acabam por ser as palavras dos outros.  Encaro-a como um produto de linguagem onde se materializa a "sintese estética de todas as impressões" sentidas em mim. No entanto, a poesia tem uma virtude, a qual de uma forma reflexiva, nos permite perceber as questões da verdade e da falsidade, nas das palavras mas dos actos e das vontades dos homens. 
"Pretendo que a poesia tenha a virtude de, no meio do sofrimento e desamparo, acender uma luz qualquer, uma luz que nos é dada, não desce dos céus, mas que nasce das mãos e do espírito dos homens"
Ferreira Gullar
Posto isto, se não nos preocuparmos com o que nos rodeia, jamais poderemos fazer uma análise que faça coincidir os nossos sentimentos com a realidade.
"Por caminhos só rectos não sei ir.
Nos ínvios por que vou, não sei ficar.
Suspenso do passado e do provir,
Venho e vou!, venho e vou!, não sei parar.
Abri asas nas mãos para fugir,
E raízes nos pés para amarrar.
(Levava chão nos pés indo a subir,
Trazia céu nas mãos vindo a baixar...)
Eis, porém, que estes dons ultra-humanizam,
E os homens, meus irmãos, se escandalizam
E me espontam as asas e as raizes.
Assim se castram eles próprios, pobres!,
E tendo-se, mais vis, por mais felizes,
Se satisfazem com seus magros cobres..."
LIBELO, José Régio, Cântico Negro
 
monge

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