27.11.07

Espazos literários da Limia

Os espaços literários de Limia, organizados pela Consellería de Cultura da Galiza e a Delegação da Cultura do Norte, visou conhecer o património cultural limiano (Xinzo de Limia) onde participaram meia centena de várias personalidades vinculadas à cultura galega e portuguesa. Como elemento da redacção do jornal lá da escola, também fomos bafejados com um convite e toca então de fazer o saco para esta expectante jornada.
O que levamos? Por mim, rebentava de curiosidade em ir conhecer aspectos da vida desta personalidade contemporânea e amiga de Torga, com um percurso de vida simples e fascinante.
Com um magnífico naipe de anfitriões, desde escritores, um arquitecto, um ilustrador, um fabuloso contador de histórias, lá fomos percorrendo os cantos que foram servindo de inspiração ao poeta. Então, ficamos ali convencidos que, "qualquer lugar é um espaço literário" porque ouvir poesia, magnificamente declamada, à sombra de carvalhos, no meio de extensíssimas veigas, no alto de uma torre, num claustro de um mosteiro, cantada numa taberna e mesmo na casa do autor (que mantém todos os objectos no sítio desde a sua morte), garanto que é qualquer coisa de transcendente!
O que trouxemos? O moleskine a transbordar e os ouvidos prenhes de palavras e boas amizades galegas e com enorme vontade de lá voltar para calmamente percorrer de novo todos aqueles espaços. Magnífico!!!

LEMBRANZAS

Lémbrome que lembraba unhas lembranzas
que foron un pasado que non teño
En desmemoria habito, fun, non veño
máis que de altos olvidos e inquedanzas

Coido que fun feliz cando era neno,
mais nada sei do alén, rosa de lama,
se cadra anda comigo ó pé da cama
na que me deito e fuxo. Hai un aceno

mortuorio, non penso, calo en sonõs
as desmemorias bulen fuxitivas
e eu non busco memorias nos ensoños

Aprendín a morrer, ó neno olvido,
il ven tódalas noites, mortes vivas,
sen traguer as lembranzas que non pido.

(Antón Tovar, Cadáver adiado, 2001)
monge

4 comentários:

monge disse...

Olà monge, amigo e companheiro destas e de todas as poéticas andanças, que nos trazem a alma hipotecada pelos sentidos, Viva! E parabéns pela "fortuna" vivido desse acontecimento vivido. Uma ideia original. Gostei do poema. Não conheço o autor mas parece intressante. Ele hà tanto que ler meu amigo, que precisava de 10 vidas para ler 1/10° daquilo que nunca lerei!...o essencial é manter o espirito inquieto...

aquele abraço
eremita

ps: não tenho deitado muitas achas à fogueira ultimamente, porque tenho andado por demais atarefado. "Inté!"

avelaneiraflorida disse...

Amigo monge,

Que privilegiado!!!!!!
Eu fico-me pela "rotina" do que nos é imposto...

Mas adorava ter participado em algo tão criativo...
Esperemos ter mais uns apontamentos por aqui, não????
UMA BOA NOITE!!!!
Bjks

monge disse...

Olá amigo eremita

acredita que também estivestes presente porque sempre imaginei o que gostarias de lá ter estado. Sim, senti-me um afortunado, por fazer parte de todos aqueles momentos bons que me emocionaram e de certa forma, irremediavelmente, me hipotecaram a alma. Havemos de lá voltar!
Também eu não conhecia o autor, mas parece reunir um pouco de tudo aquilo que admiro: a irreverência; a clandestinidade; a luta anti-fachista; o verdadeiro intimismo em estado puro. A descobrir.
E depois a fraternidade galega, para quem nós somos os verdadeiros irmãos. Emocionante!

abraço caminheiro

monge

monge disse...

Amiga avelaneira

o espirito audaz e aventureiro implica um certo compromisso que não admite hesitações e quando recebi o telefonema a indagar da vontade de ir, explodi em alegri: SIM!
Acredito que terias adorado e absorvido cada momento com uma avidez avassaladora, isto porque não se conseguia ficar indiferente a tanta emoção.
Vou partilhando assim, por aqui,algum desse entusiasmo.

bj

monge