16.7.07

a lógica da batata


Descoberta no Perú pelos espanhóis, rapidamente foi trazida para a Europa no século XVI e a partir daqui disseminada pelo mundo inteiro.

Segundo Leite de Vasconcelos, a primeira vez que a palavra batata apareceu num dicionário da língua portuguesa foi em 1647, no "Thesouro da língua portuguesa", de Bento Pereira e segundo se consta terá sido em Trás-os-Montes que se semearam pela primeira vez batatas em Portugal.

E foi precisamente por terras transmontanas que, no sábado, foi dia de arrancar batatas (prática habitual para quem as semeia). Mesmo com o auxílio de alguma maquinaria útil, não se retira prazer nenhum ao gozo de quem tem vontade de estar ali. O combinado tinha sido que comeriamos na horta, aproveitando sempre algumas batatas que se racham e que cozidas com bacalhau num pote ao lume, serviriam de almoço.

Para evitar o abrasador sol da Terra Quente, havia que madrugar para terminar cedo. Acabada a faina, esperava-nos na sombra de uma ameixoeira, a merecida merenda que iria ser nobremente recompensada por um fio de louro azeite também distribuido por saladas de tomate e pimento, e salada de beldroegas. E claro está, tudo muito bem regado pela pinga rubra do nosso magnífico vinho. Por fim, de sobremesa, restou-nos esticar os braços e colhermos algumas suculentas ameixas.Tudo da horta! Absolutamente bom.
À noitinha, pelas festas de Vila Flor, num bom concerto dos Quinta do Bill, passou-se ali um bom bocado e gostámos da música. Sentia-me tão leve que nem queria acreditar!
Resplandecente início de férias!
monge

6 comentários:

avelaneiraflorida disse...

Que bom os cheiros da terra! Que bom as vozes que se alentam na dureza do trabalho!

Não conheço Trás-os-Montes, infelizmente!!!!

Mas já participei em apanha de batata...
Mas também e principalmente em vindimas!!!!
Sei o gosto que tem a refeição cozinhada e comida no seio da terra, à sombra das canas, com os milhentos sons da natureza em redor...

Fico feliz, por este post, me ter permitido recordar esses tempos já passados...
Obrigada, monge!

monge disse...

olá avelaneiraflorida

Realmente faltaram no post os cheiros e os sons da "natureza em paz" sentada ao nosso lado, mas pelo que vejo, também os sabes sentir e com eles reconfortar a alma.De ascendência puramente rural, procuro sempre que posso, participar nestas tarefas agrícolas de espírito colectivo que numa sã e alegre convivência tornam o trabalho menos árduo e mais apetecidas as merendas.
É bom ver-te feliz, até breve

monge

Anónimo disse...

Olá.
Quem imagina, na Europa, o Mundo sem batatas? e como tudo teve um principio e este há bem pouco tempo, uns míseros quinhentos anos e muito "peruanos" mortos, para que a lógica da batata tivesse finalmente uma forma.
Sorte a tua ter uma ameixoeira por perto, eu lembro o calor, o pó e os alicréus que por vezes apareciam junto.
Eu ao pensar batata é branca, cozida com um generoso cheirinho de Azeite, nada melhor.
Um abraço.
Li malheiro

Rhiannon disse...

Eu conheço esse bem-estar...
Saboreie essas férias!
Confesso que fiquei
um pouquito "invejosa" :)

monge disse...

olá Li

Sei que não precisas de muitas descrições para te embrenhares também na apanha da batata. E diz lá se a merenda não te caia no goto!? Tudo a teu gosto, eu sei!
Por ali, nas terras baixas das horta não temos os "alicréus" (vulgo -alacraios) mas temos uns impiedosos raios de Sol que nenhum mortal consegue suportar.

abração monge

monge disse...

olá rhiannon

Não foi com propósito de provocar "invejas" mas sim de despertar memórias de passados antigos que se mantém presentes pelo reviver destes rituais provocadores de bem-estares.
Ainda bem que estás!

bj monge